3 livros sabios

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terça-feira, 14 de junho de 2011

Melville Dewey e a CDD

Quando as coisas estão daquele jeito! só me resta postar um trabalhos que eu fiz para Linguagens I!

Era pra segunda de manha, terminei domingo a noite, recebi um email dum colega (Gilles) as 22hs pedindo pra eu entregar o trabalho dele caso o resto do grupo também não fosse pra aula! (o cansaço do semestre já havia começado....)

Dai tive um surto! 

Depois de ver o trabalho do outro grupo, não podia entrgar o meu DQUELE JEITO! (tava feio de ver pessoal) até porque só eu tinha feito, mas ele (o trabalho) valia nota pra mais tres pessoas, da mesma forma que eu não iria escrever nada nos outros dois trabalhos e ia levar nota (sim, Põe confiança nos colegas aeee)!

Enfim, escrevi a base duma garrafa de café, 10 paginas bem produzidas!


 Vou por aqui! se vc for um desorientado procurando sobre CDD  e Melville Dewey, o lugar é esse mesmo!


UNiVERSIDADE DE SÃO PAULO
escola de comunicações e artes
departamento de biblioteconomia e documentação




                      Melville Dewey e a CDD.





Relatório desenvolvido durante a disciplina de Linguagens Documentarias I, como parte da avaliação referente ao 1º semestre de 2011.

Disciplina Ministrada pela  Profª Michelly Jabala Mamed Vogel.
                                                                                                                 

                                                                                        


                                                                      São Paulo
                                                                            2011

Introdução



            Este trabalho atende ao desenvolvimento de um relatório de estudo, proposto como forma de avaliação e ancoragem de conceitos pertinentes à disciplina de Linguagens Documentarias I, e caracteriza-se por sua abordagem panorâmica a respeito dos temas propostos para  relato, dando primazia de desenvolvimento às considerações, exposições e conceitos vistos em classe.

            O desenvolvimento do seguinte relatório passa pelo conceito de classificação Bibliográfica desenvolvendo posteriormente uma pequena Biografia sobre Melville Dewey e um pequeno panorama crítico sobre a CDD, um painel geral das questões é construído sem que se estabeleça ênfase em alguma das partes, visto a natureza especifica de desenvolvimento dos conteúdos aqui pedidos e apresentados.


Classificação Bibliográfica



                Classificação Bibliográfica”, segundo consta na segunda acepção do termo como descrito no  Dicionário de Biblioteconomia e Documentação (Cunha e Cavalcanti, 2008) é.” O arranjo dos itens de uma coleção – tais como livros. Periódicos, multimeios e demais suportes de informação - de acordo com um sistema de classificação e atribuição dos respectivos símbolos indicativos da classe a que pertencem dentro desse mesmo esquema. Estes símbolos constituem a notação. (...), ampliando o conceito, um sistema de classificação, tabela de classificação ou apenas classificação, é um conjunto de classes (não apenas categorias) apresentado em ordem sistemática, que distribui-se por conjuntos de temas/idéias de maneira coordenada/subordinada –inicialmente- e que tem por intento determinar o “assunto” de um documento ao mesmo tempo em que lhe dispõe uma forma de organização ante os demais documentos.
           
            Seus fins podem lhe atribuir maiores níveis de complexidade, tendo-se em vista que sua área de extensão e cobertura temática determinar-se-ão a partir de um grupo de substantes isolados donde se observarão as características identitarias semelhanças/dessemelhanças, em relação ao que ficou dentro e mesmo fora. Partindo daí para as demarcações e as imputações de elementos classificatórios.

            Estas atribuições de uso são estabelecidas de acordo com o nível de cobertura requerido pela finalidade do sistema, posto que a especialização/generalização das relações prenotadas, existentes ou constituídas deve satisfazer o universo descrito e circunscrever a aspiração do sistema de classificação.

            Satisfeitas as condições de conceitualização, -historicamente- sistemas de classificação bibliográfica, foram usados primeiramente como instrumentos de ordenação para a recuperação de documentos (por suas características temáticas), e se se desenvolveram sob a égide da classificação filosófica, que por sua vez se pauta na ordenação conceitual do mundo, objetivando o reconhecimento/agrupamento -e seus contrários- das situações da vida e do universo. Muito da orientação de dualidade e abrangência dos sistemas filosóficos foi tomado pelos sistemas bibliográficos, que se estruturaram sob estas prorrogações, atrelando-se profundamente aos modos de pensar e atuar daqueles. Algo que deve ser entendido sobremaneira por aqueles que utilizam estes sistemas.

            Ainda, entendido sobremaneira deve ser o fato de que um sistema de classificação, enquanto produção social e humana, engendra as atitudes e ethos dos sujeitos históricos que  o desenvolveram, propagando ideologias e pontos de vista do construtor; não seria diferente com a CDD com veremos mais a frente, não sem antes conhecer um pouco mais sobre o criador do sistema.


Melville Dewey

            Melville Louis Kossuth Dewey nasceu em 10 de dezembro de 1851 e faleceu de um aneurisma cerebral no dia 26 de dezembro de 1931, aos 80 anos de idade. Nascido em uma família pobre, caçula dum total de cinco irmãos, Dewey como é mundialmente conhecido, foi um vultoso pioneiro da Biblioteconomia Norte-Americana, criador da mundialmente conhecida e amplamente empregada “Classificação Decimal de Dewey”.

            Em 1873, aos 21 anos, enquanto trabalhava e estudava como student-assitantant da Biblioteca do Amherst College, em Amherst, Massachusetts, (cargo obtido em 1872) produz uma tese de 24 paginas determinante para os rumos da tradicional Biblioteconomia. Tese esta, onde instituía um sistema de classificação e expunha suas diretrizes de uso e sustentação.      

Classificação esta, abalroada de certeiras inovações e uma simplicidade inovadora e recursiva em resolver os problemas práticos e pragmáticos das novas tendências em biblioteconomia da época (como por exemplo, o livre acesso ao acervo e a agilização do processo de recuperação.). Este sistema teria notável praticidade e originaria importantes e novos conceitos e definições no que tange as questões de “expansão”, “memorização”, “continuidade” e “integridade do sistema de representação” nas teorias dos sistemas de classificação bibliográfica.

            Em 1876 publica anonimamente em formato de panfleto sua tese “Classification and Subject Index for Cataloguing and Arranging the Books and Pamphlets of a Library” utilizando-a como escopo num projeto de reordenação e rearranjo do sistema de classificação da Biblioteca em que trabalhava. Este embrião do sistema de classificação decimal que recebe seu nome é reeditado e re-titulado posteriormente diversas vezes, recebendo o seu nome definitivo apenas em 1931. Dewey Teve controle sobre o copyright da obra até sua 14º edição, (quando no decorrer de sua morte foi assumido pela fundação Lake Placid Club).       Em 1876 torna-se o primeiro redator-chefe do Library Journal e membro-fundador da American Library Association (ALA) assumindo o posto de primeiro-secretário da associação. Casa-se com Annie R. Godfrey em 1878. Seu único filho, Godfrey, nasce em 1887.

            Dewey construiu uma trajetória estratosférica a partir da veiculação de sua tese, a reedição contínua, mais a facilidade de compreensão e uso, bem como  os fatores políticos de disseminação propositados por Dewey para seu sistema e por quem o assumiu após a morte do autor, transformaram o esforço intelectual de um estudante de biblioteconomia norte americano no talvez, mais amplamente utilizado sistema de classificação bibliográfica do mundo, em uso, atualmente em algo como, 135 países e aproximadamente 200.000 bibliotecas estando em sua 23º edição (no prelo).


Classificação Decimal de Dewey.


         A seguir, algumas considerações, observações, curiosidades e constatações sobre o sistema de classificação de Dewey.

            O sistema de classificação decimal de Dewey, atualmente em sua 23º edição (no prelo) como visto anteriormente, foi primeiro publicado em 1876 de maneira anônima pelo próprio Dewey, trata-se de um sistema fortemente marcado pelas doutrinas da ideologia racionalista, pragmática, ocidental, norte-americana, idealista e positivista.

            É um sistema pré-coordenado, e de certo modo facetado, que organiza-se  partindo de uma orientação de cunho cientifico,  eque no entanto, ainda se pauta nas classificações filosóficas do conhecimento. Sua pretensão original é a de cingir todo o conhecimento humano em 10 areas, tendo como notação de representação a numeração hindo-arabica e alfabética, respectivamente. A ordem de apresentação dos conhecimentos humanos dentro das 10 classes corresponde a um método intransigente de investigação e teorização das ciências humanas que descreve todo o conhecimento humano em três bases (retiradas de  Bacon e Harris) conceituais, razão (Filosofia, Religião, Ciencias Sociais...) Imaginação (Belas artes, Artes Praticas e Literatura) e Memória (Geografia, Biografia e História), dentro destes tres fulcros se instalam as 10 grandes classe do conhecimento humano segundo Dewey. 

            Com o tempo, estas classes foram se alterando, mas nunca perderam a sua totalidade de essencia, como mostra a tabela a seguir (tabela 1)

Quadro Comparativo das classes em distintas edições da CDD.
         1876 (1ª. Ed.)
          1995 (20ª. ed.)
         2003  (22ª. ed.)
000 Generalidades
000 Generalidades
000 Ciência da Computação, Informação e trabalhos Gerais.
100 Filosofia
100 Filosofia e Psicologia
100 Filosofia e Psicologia
200 Religião
200 Religião
200 Religião
300 Sociologia
300 Ciências Sociais
300 Ciências Sociais
400 Filologia
400 Línguas
400 Línguas
500 Ciências Naturais
500 Ciências Naturais e Matemáticas
500 Ciências
600 Artes Práticas
600 Tecnologias (ciências Aplicadas)
600 Tecnologia
700 Belas Artes
700 Artes
700 Artes e Recreação
800 Literatura
800 Literatura
800 Literatura
900 História
900 Geografia e História
900 História e Geografia
Tabela 1 – Quadro Comparativo.


            O sistema ganhou grande uso, acreditasse, por sua simplicidade e renovação constante das estruturas de assuntos dentro dos campos de conhecimento, que são revistos atualmente a cada sete anos; Ai são feitas operações como introdução, migração, agrupamento e expansão dos gêneros e assunto. Desde sua primeira edição em 1876 até sua atual versão (23º edição, 135 anos depois )o código,  nunca deixou de ser atualizado.
           
            Interessante notar, que mesmo com o acréscimo contínuo de modificações, a estrutura formal da CDD nunca sofreu uma alteração amplamente significativa (que pudesse reorientar o modo de compreensão do mundo pelo sistema) nas perspectivas macrosistemicas de organização.  A integridade dos símbolos de representação é mantida e tornou-se inclusive uma espécie vantagem, desde a sua 13º edição quando  surgiu a tabela auxiliar de subdivisões comuns, e a tabela de divisões de forma que tentam indiciar as possibilidades de conexão dos assuntos, sem alterar as três bases numéricas iniciais que dão ordem ao documento (mais sobre as três bases no decorrer do texto).

            É importante que se diga, que exceto por generalidades, e literatura, segundo a CDD, os volumes são classificadas primordialmente por assunto, e por suas extensões, local, época ou tipo do material, donde se gera um número de no minimo tres bases generalistas onde se pode acrecentar um ponto decimal (.) e dependendo de sua determinação e necessidade especificar a classe segundo orientação das proprias classes e de tabelas auxiliares. A notação deve ser entendida e lida decimalmente, ou seja, o número 893 deve ser entendido como 8 – literatura, 9 – em Língua Espanhola e Portuguesa, 3 – Brasileira, e não como número integral que represente um tema especifico, a ordem dos números cria o sentido do simbolo numérico obtido. Como já dito, após os tres primeiros números, de acordo com a classe onde se esta e o uso das tabelas auxiliares, pode-se formatar uma notação que indicie facetas, conexões e diversas maneiras de indiviualização.

            Outra espécie de vantagem é a padronização sistêmica gradual, que faz com que o código, mesmo sofrendo alterações pontuais não insira formulações que desfaçam a formatação da parte generalista da estrutura, ou seja, quando o código é alterado, o que esta classificado com a normatização anterior, ainda esta “correto” até determinado ponto da notação, mesmo não estando em conformidade com a alteração. E de maneira geral, ainda encontra-se dentro de sua grande área; Algumas mudanças específicas, não alteram em nada a parte generalista da estrutura de representação.

            Muito de sua notoriedade, originou-se não somente de sua requalificação gradual, mas de um grupo de “proezas” primeiro vistas neste sistema. Pode-se talvez dizer, que a maior proeza da CDD esteja  na escolha do sistema decimal como forma de representação de suas classes e categorias, já que isto permite ao sistema a dinamica de ser ao mesmo tempo lividamente numérico e infinitamente hierárquico, outras boas propostas, foram a ideia  da base em três dígitos com subdivisões sucessivas e finitas mas com grande extensão e da notação decimal que facilita a  inserção de novos tópicos. Esta sequencia numérica ininterrupta, pautada na subordinação progressiva foi repetida por quase todos os sistemas de classificação bibliográfica seguintes.

            Outro novo mecanisno trazido (sem sua percepção como um todo) foi o elemento facetado, simbolo que quando corretamente utilizado combina elementos de diferentes partes da estrutura para construir um número que represente a classe principal de  uma faceta específica ( Variação geografia, histórica...)  do que esta sendo tratado (Modificando sua forma de apresentação mas não tanto de ordenação), a representação eproduzida pelo usuario,  ao invés de retirada de  lista fechada com ordem estabelecida para formas de conteudo ad infinitum.

            Sistemas Decimais, já vinham sendo usados há algum tempo, contudo, para a ordenação das estantes dentro do espaço da biblioteca. Até então, os sistemas de classificação não se propunham a sustentar-se a partir do geral para o restrito, dos grandes blocos de conhecimento para as pequenas especializações, nem mesmo abarcavam a questão da universalização e conseqüentemente homogeneização da compreensão dos assuntos de modo a tornar a disposição dos arranjos “conceituais” e dinâmicos, mas minimamente mutáveis.

            Na pratica habitual, os documentos eram agrupados por pequenas categorias de características –semelhanças- (Ineficientes e eficientes na busca, como cores, tamanhos, assuntos, autores), sua ordenação era fixa dentro do desenvolvimento da coleção, de modo que a entrada de novos volumes ou de uma nova categoria demandava a reconfiguração e reclassificação de todos os volumes da biblioteca.

            O sistema de Classificação Decimal de Dewey impôs a seu modo novas maneiras de se entender, configurar e sustenir a classificação bibliográfica, a ponto de tornar-se tão respeitado nos circuitos da biblioteconomia que mesmo sabendo-se de suas numerosas falhas, continua sendo usado sem preocupações ou inquietações devido a sua facilidade.
           
           

Considerações

O sistema, encontra-se atualmente prejudicado antes a sua falta de maleabilidade na era da informática e das modernas tecnologias de representação e recuperação dos documentos/informações; Muito do seu pioneirismo nunca foi completamente entendido por quem o utiliza, de modo que mesmo com as alterações significativas dos ambientes e da ecologia representacional ocorrido no âmbito das linguagens documentarias a CDD permanecesse como baluarte inabalável, ambiente seguro e pedra de repouso do circuito biblioteconômico, certamente um problema para a evolução da área.

            Apesar de que, gradativamente, com as linguagens evoluindo em detrimento de novas dinâmicas de organização e recuperação da informação (inclusive com a perda do suporte material) a CDD e os sistemas de classificação, vem perdendo espaço na academia e na pratica para outros instrumentos teóricos como os tesauros e as taxonomias corporativas (onde a predominância da representação da multifaceta, do uso da palavra como símbolo e conseqüentemente do controle terminológico)

            A CDD permanece como um colosso ainda útil, mas que deve ser superado, em nome das modificações necessárias as evoluções da necessidade de uso ante a facilidade do uso, complexizar o problema é necessário.

Material Consultado


ANJOS, Liane Dos. Sistemas de classificação e do conhecimento na filosofia e na Biblioteconomia: uma visão histórico-conceitual crítica com enfoque nos conceitos de classe, de categoria e de faceta. 2008. 289 p. Tese (Doutoramento) - Curso de Ciência da Informação, Departamento de Biblioteconomia e Documentação, Escola de Comunicações e Artes, São Paulo, 2008. Cap. 4.2.

BARBOSA, Alice Príncipe. Classificação Decimal de Dewey. In: BARBOSA, Alice Príncipe. Teoria e pratica dos Sistemas de Classificação Bibliográfica. Rio de Janeiro: IBBD, 1969. p. 199-388.

CUNHA, Murilo Bastos da; CAVALCANTI, Cordélia Robalinho de Oliveira. Dicionario de biblioteconomia e arquivologia. Brasilia: Briquet de Lemos, 2008. 451 p.

PIEDADE, Maria Antonieta Requião. Introdução a Teoria da Classificação. Rio de Janeiro: Interciencia, 1977. 185 p.

SMIT, Johanna. O que é Documentação. 2ª ed. Rio de Janeiro: Brasiliense, 1987. 83 p.