3 livros sabios

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sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Poesias Espargidas da Ultima Greve



Ano passado durante à greve, alguns cartazes surgiram .....




Se espera todo tipo de coisa nos cartazes, xingamentos, palavras de ordem, sátiras, cartuns, desenhos horríveis, Qualquer coisa Naïf, sobreposições, mensagens claras, subjetivas.... há todo o poderoso recurso das formas de comunicação popular, surgem até mesmo as poesias.

Coletei alguns versos que apareceram em cartazes. Não me dei ao trabalho de descobrir sua autoria. Anotados numas folhinhas soltas encontrei-os quase um ano depois.

Resolvi espargir, estão ai tal como os li, naquela época despencavam de Krafts marrons vindos do segundo andar.


O Eu Oblíquo 

Ser não importa
Para esse baile
O que ele quer é a simulação de mim
Que não é mim
É qualquer outra coisa, camaleonesca,
Pseudonimíca
É o preço do baile
Mascarar-se
De caso reto
Mim é um estranho em mim
Um fugitivo do olho
Alheio.....
Mim?
Um clandestino.

................................

Tudo que é sempre passa

E fica a busca eterna de algo que preencha
Preencha as vidraças rompidas
Nossas reprimidas escolhas
De nossos sensíveis cadáveres
Só quero escorrer num papel
O peso que lento submete
Tempos gastos em sonho
É isso, escrever

É um ato de caridade
De algo vivo, que vive somente dessa vida lixo
Meu destino escrito na faixa
É inócua beleza nessa vida
De teus olhos que não me veem.

Para uma miserável matéria
Que ainda sonha e sente nervosa
Consequência dessa vida triste.

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Os direitos do Cidadão e os do Consumidor.·.



Mais que antes agora percebo a reivindicação dos direitos do consumo.

                Estive nos últimos dias participando de uma série de palestras sobre Acessibilidade e Cultura, com especial atenção ao uso de recursos e tecnologias assistivas que promovessem a acessibilidade atitudinal e consequentemente a Inclusão da pessoa com deficiência nos espaços de Cultura (Bibliotecas, Museus, teatros, operas, salas de espetáculo, centros culturais...).

                Não houve tanta coerência quanto eu esperava, ou o aprofundamento que merecia e nem mesmo gerou os laços e contatos que esse tipo de situação constrói, mas fazer o que!? Aconteceu e deve ter sido útil para alguém.

                Um aspecto interessante que acabei recolhendo nas falas dos presentes foi o discurso da reivindicação dos direitos pelo consumo.  Ou seja, que a requisição do deficiente nos espaços de cultura privados deve partir de usa posição como consumidor, não como cidadão, estava aí segundo os participantes uma arma poderosa!

                Não percebiam então que assumiam o deficiente como um grupo que tem seus direitos manipulados por uma logica que diz: É um público especial, distinto e excluído, com as adaptações corretas é um consumidor em potencial, um alguém que não tendo como fazer em outro lugar recorrerá somente a este lugar, tornando-se um consumidor fidelizado pela falta de opção.
                Enquanto ignoravam aquele que diz: Como ser humano e cidadão, não pode ser privado de seus direito de acesso a educação, a cultura e a livre circulação e se isso quer dizer adaptar e transformar o espaço é o que deve ser feito sob o peso de lhe suprimir o exercício de cidadania e tolher o “humano” do sujeito.

                Uma colega que foi comigo, durante uma pausa que fizemos para o café me falou sobre certa ideia apresentada num congresso da FEA chamado “Negócio Social”, onde uma pequena adaptação nas falhas do serviço público poderiam gerar lucros quase sem gastos, já que a plataforma de serviços funcionaria tapando o buraco deixado pelo mau serviço prestado pelo estado. Desse modo funcionaria o Negócio Social, que dentre outras coisas também “ajudava” as pessoas.               

                Um dos projetos apresentados era uma espécie de serviço de referencia Virtual sobre questões do SUS, um software que analisava a estrutura e funcionamento do SUS, bem como seu FAQ e sistemas relacionados e trazia num grande portal bem estruturado as respostas para perguntas muito específicas do tipo – “sou idoso e pensionista, recebo até tantos salários mínimos, onde posso adquirir tais e tais medicamentos e tratamentos gratuitos?”.

                De maneira atroz e até jocosa para os presentes, tive de rir muitíssimo alto e imperiosamente, Como assim!? O idoso com internet e que pode pagar pela informação faz o tratamento gratuito, o que não tem internet e que provavelmente não tem dinheiro para pagar pelo serviço também é o que se não ficar sabendo disso terá de pagar pelo tratamento?!

                Fica a questão, para que equidade das informações cidadãs se podemos lucrar com elas!? 

                Não estou acostumado com essa lógica perversa no meu dia a dia, menos por sorte que por escolha meus circuitos de comunicantes sempre que possível agem em prol da defesa e melhora do público,  tanto quanto eu.

                 Depois daquele dia, lembrei-me de duas coisas e cheguei a uma reflexão.

    1º  - A Reflexão – Se o contraponto do Direito é o Dever, e passamos a usar o direito de consumidores no lugar do direito de cidadania quais são nossos deveres como consumidores dos serviços que nos prestam?  Esses deveres são opacos e esparsos, dando um exemplo tacanho, algum facínora que pague um lanche numa rede fast-food e receba seu pão com cascas, ou seu pacote médio de batatas com uma porção pequena não pensará duas vezes antes de humilhar a atendente reivindicando seus direitos de consumidor! Que porra de direitos são esses? E que merda de modos para convívio. Parecemos aceitar que alguém que pague por algo tem todo direito de fazer qualquer baixaria quando não for atendido. (Há ressalvas no que eu disse, para as situações mais sutis, essa fica para as mais gerais e agressivas).

 2º - Coisa lembrada -  Uma frase que surgiu no grupo de discussão dos alunos recentemente, um recorte da fala de uma professora que proferia:   "que fixação vcs, alunos da usp, têm pelo público!, existe o mundo privado etc. e tal"“.
           
 3º - Outra Coisa Lembrada - O Excelente vídeo com a Professora Mariela Chauí que andou circulando pela internet, onde ela fala sobre a privatização do espaço público e as implicações filosóficas sobre esse apossamento...


sábado, 1 de dezembro de 2012

A não exegese das Festas.


Esse Post vai para Giovanna! 




    Não me agravo a essa exegese, nunca fiz parte do festim dos vícios e vaidades, não que não os possua ou me faça por motivos subjetivos e escusos despartcipante, só não me ambiento às festas.

    Inúmeros colegas também não, mas não somos um grupo expressivo, e meus colegas são eleitos sob o peso das minhas paixões, não são um grupo comum.

    Se eu tivesse de fazer uma crítica ao ambiente não me sairia bem, minha experiência é muito pobre nesse sentido, sobretudo, não me dou bem com a vertigem, com a dança, com o vicio exposto, com o excesso, com o calor dos corpos ou com o ruído ensurdecedor...

    Quase uma tia velha já me disseram, houve quem se atreveu a me imaginar bêbado e descontrolado, que será que eu diria? Que será que exporia? Que subjetividades meu corpo estadearia? Que danças espontâneas me tomariam conta?

    Não sei nunca me proporcionei nenhum tipo de transe ou experiência alterada por intermédio de qualquer substancia psicoativa, também nunca ocorreu reagir descontroladamente por conta de reação adversas a qualquer medicamento, no muito após muitos dias mal dormidos e sob o stress de me manter acordado por muito tempo acabo descapacitado para diálogos profícuos.

    Saindo de mim e andejando por outros corpos:

   Esses ritos tem muito hormônio, certo, parcialmente compreensivo, mas também tem muita autodestruição, física e psíquica.  Uma colega percebe na autodestruição “adolescente/jovem” o elemento propositor da reconstrução pelos cacos, erro e consequência gerando fragmentos de experiência e reconstrução. Eu acho estupidez despropositada. Não que deva haver propósito para tudo, mas fazer e deixar acontecer um tudo tão cheio de vazio por tanto tempo?! Não vejo a necessidade de tanta destruição para a construção, mas enfim.

    Descompressão! Eles fazem porque merecem e precisam. Há quem defenda como direito, e eu só penso, quais os deveres do “festivo”, se arruinar e se acabar na noite? Dançar pelado depois das duas? Apaziguar o espirito e esquecer-se de qualquer “mal” que lhe tome a consciência por determinados instante.  É... Meus exemplos atuais de festa extrapolam a noção de festa alheia e talvez hegemônica no imaginário popular. Trata-se de festas Universitárias promovidas por agremiações e Centros Acadêmicos dentro do Campus, com direito a “menores” caídos no chão vomitados, vomitando e alucinando às vezes; pilhas de lixo em ascensão continua; banheiros químicos tumefactos das podridões e indigestão alheia; gente conhecida e respeitável em estado deplorável e catártico além é claro da explosão súbita dos presentes ante a qualquer musica um tanto mais simplificada e ritmada.

    Sabe que não nego, talvez! E só talvez (no âmbito das coisas futuras, mas ainda sem potencia) um dia eu participe de uma, e mesmo sem beber (quanto a isto não dou o pé a torcer) exprima a subjetividade latente nessas minhas nodoas velhas e carcomidas pelos maus hábitos físicos, e exprima a devassidão permitida só sob o refúgio dos que se unem por isso. E ai quem saiba com dois dedos a mais de experiência eu seja menos tanta coisa...

terça-feira, 6 de março de 2012

Os paralelos da Cartografia Sentimental.




   Nesse mundinho chamado Felipe, os meridianos e os paralelos não servem para contar secções culturais do espaço e do tempo, não servem para serem admoestados e esquecidos pela economia, essas linhas invisíveis inclusive quase não delimitam superfície! Rasa que é minha compreensão sentimental de mim mesmo e dos outros.

      Uma divagação sobre o que foi é premente. O que posso escrever é que  meus primordiais alelos se expandindo, se tivesse uma representação de mim mesmo para auto verificar-me diria em bom som! – Que ampliada Cartografia Sentimental? De onde vieram todas essas Ilhas e países, e povos e dinastias, que tantos pontos de lugares que nunca ví? De onde vem?
                                                                         
   Isso porque já cheguei a pensar em contraposição do que se sente, como se as coisas viessem ao mundo numa contraposição de seu duplo, negando-lhe.  E  por isso existindo “Mais e Melhor”, até já pensei em contrariedades que seriam diametralmente opostas e formariam  uma espécie de cosmogonia salutar e indivisível, a única possível.

Hoje não creio mais nisso.

   Abandonei as Analogias Arbóreas e me irrompi em rizomas, em todas  as direções; os duplos se foram. Que me venham as situações complexas e os aprofundamentos não excludentes, os sentimentos em estado de potencia.





segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

“Algumas implicações com o Oscar”, Ou “Que saco” ou ainda “And The Oscar Goes To”


Desde que li por aí, um rapaz que dizia –  Esperar o que de uma jornalista que chama o Grammy de o Oscar da Música ?- ( mais um Pouco e o Nobel, vira o Oscar dos cientistas) esse tal premio passou a me perseguir, foi a uns três dias.

Achei que fingindo não ser comigo, não me chocaria com tanto glamour brotando dos tapetes vermelhos Hollywodianos quando saltos 15 em vestidos experimentais correm em direção ao Kodak Theater , esperando com suas caras deformadas de botox (graças a deus nem todas) por um momento de esquecer o discurso no bolso e asnar um pouco.

Pensei que esse ano fugia de novo da cerimonia, mas uns amigos Cruspianos me deram um empurrãozão  na direção do prêmio.

Até já assisti ao Oscar, (Não faço mais isso Hoje!) e não sou bobo de não perceber sua real importância para o engrossar de receita dos caldos cinematográficos, e fazer menos terríveis o cinema estrangeiros. Motivando verdadeiramente por 15 minutos populações inteiras de cinéfilos a beira mundo.

Mas é que a reverberação por detrás do estardalhaço americano por vezes me desencoraja profundamente de assistir, ou mesmo querer saber quem é que os Oscaritos premiaram. Sundance não passa na TV, nem Gramado, nem Paulínia, o Urso de Prata nem se fala, mas pelo jeito não importa!

Dia desses li uma “noticia séria” nesse portal multimídia do grupo com formato de bola dizendo que o Globo de Ouro era o melhor Pré-Oscar, estava ali implícito! Todo o resto é “esquenta” bem, depois disso todo mundo é chinelo! Serve pra calçar as aspirações de um monte de atores, ex-indicados, premiados e toda a banda podre. Um filme não ganha o Globo de Ouro porque aparantemente é bom para determinada categoria onde foi avaliado pelo júri, mas porque provavelmente esse filme indicado é aquele que os Oscaritos selecionarão para subir ao Olimpo dos prêmios, experimentar Hidromel e então, generosamente lhes enviar pro limbo.

Eis o momento em que os entusiasmados de um e outro canto aparecem pra dizer que “houve uma injustiça terrível” e o seu selecionado não ganhou o Oscar, o que provavelmente tornará o filme 15 vezes já que não foi o selecionado da noite. Não ganhou  a Atriz? É melhor se internar, pra ela só teve o Urso de Prata, injustiça com aquela outra lá. Ahh, e aquele que só ficou com as modalidades técnicas, edição de som, fotografia... Nem são bons, mais filmes tinham que concorrer a estatueta principal! Que tal vinte?

Tudo seria melhor se a Caixa Econômica Federal fizesse um jogo “And the Oscar Goes to”. Imagina só, eu ticando caixinha por caixinha, assistindo a cerimonia e esperando pra saber se acertei mesmo.

E daí que ainda nem assisti 80% dos indicados, fiquei com as sinopses brasileiras dos resumos dos críticos americanos, provavelmente não vou assistir todos os indicados, e nem sabia que em tantos países se faziam filmes. Jose Wilker acha que  esse mesmo é o que deve ganhar porque é muito, muito, muito bonito! E usa o roteiro brilhantemente. É, acho que é isso mesmo, concordo, é impecável o uso do roteiro.
É, o Oscar é muito mais eu sei, mas costuma ser isso aí.


quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Sofrer ausências de coisas que somente foram desejo ou a Invenção das Memórias.

“ Só a recordação fornece a alegria sem ansiedade sobre a sua extensão e, dessa maneira propicia uma duração que de outro modo seria impossível. O tempo  perde seu poder quando a recordação redime o passado”

Herbert Marcuse – Eros e Civilização
(Nos parágrafos seguintes o Próprio Marcuse desconstrói o a frase que cita, mas tudo bem vou usar assim mesmo.)

A memória restitui uma presença do tempo sem a agonia do momento vívido, tornando nossas piores experimentações em momentos agradabilíssimos, que no muito servirão de piada um dia. Sofrer ausências de coisas que somente foram desejo e rememorar como se fossem suas as memórias inventadas torna tudo mais complicado.

Sentimentos nunca vividos por este corpo se tornam falsas reminiscência, sofismas idílicos. A vida dos personagens lidos, dos amigos bem conhecidos, e das mentiras que nos servem de auto-engano, enredam em poderosas raízes a titânida que faz o mundo lembrar que é mundo.

Essa experimentação por projeção não constitui patrimônio colateral, que afete os nervos e os fortaleça, existe apenas entre o mundo do  rememoramento e da invencionice, das respostas mentirosas que damos para suprimir as chagas que se abrem todos os dias,  nas tentativas de manter as vestes, neste desnude chamado mundo.

O problema maior é que o sofrimento daquele que se auto-engana, não se resolve pelo tempo.

O tempo não apaga as circunstancias que nunca existiram, que só existem no campo das paixões (esses carrapatos do espirito), não cura a alma, nestes casos o tempo só nos reduz a insignificância de ser oxido, e não mais  perceber que aquilo nunca foi verdade. E mesmo em caso contrário, não há razão que contenha  essas falsas memórias.

Tenho amargado nesses devaneios das memórias que inventei, o tempo não as apaga, e a titanida se vinga pelos braços falsos que lhe apliquei me devolvendo imagens totalitárias cheias de sentimentos  caducos, incompletos em sua formação.

As minhas falsas memórias, germinaram em esclerosadas observações da vida.


terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

As Horas Inválidas

    Foram tantos estropiares que agora chegou minha vez.

    As frases prontas começam a curtir seu efeito, tingindo-me. Os clichês começam a me abraçar com seus açucarados braços sorrateiros, e eu melancólico, apático me deixo engolfar. Osmóticas membranas me consumem-me extirpando a resistência, os dias me consomem, o sol  secando-me a casca o sal dos dias me rachando os lábios e eu quieto sem remoer.

    A “verdade” da questão ainda não compreendi. Esse lado sensitivo mal adestrado, que se aflige sem descortinar os porquês?

    As escolhas não tem vindo, e as saudades salutares dos tempos não vividos em vez de confortar aprisionam-me numa vida enlatada, fiquei MASS-MEDIA. Não é uma pele enrijecendo pra virar crisálida, não é dor de sair dos caminhos, não é vontade de voltar pra caixa.

    E os dias vão se esvaindo sem que eu saiba do que se trata.

    Os instantes são oportunos, mas ainda (muitas vezes) mascarados, e não pode ser diferente, se me calo num instante de reflexão ou contemplação já há dois me inquirindo!

    O choro não vem, e o excesso de bonanza sem tempestade só me tem entorpecido duma sensação de alivio para um problema que nunca me afligiu. Não que eu seja bobo de querer que os problemas me caíssem as mãos para que eu resolva, também não faria nada.

    Sinto que a roda do meu quarto tem girado, e eu junto, as vezes caindo durante a rotação e sendo esmagado pelo peso dessas quatro paredes em rotação. Os livros quietos no canto já não são mais projeção, viraram desistência, acúmulo, parados me observam putrefar.

    E nesses estrépitos de entra e sai e vai e volta, e carrega e para, não tenho chegado em local algum, mas também não sei se estou me movendo em alguma direção, acho que compelido a me auto-enganar seguro as oportunidades que delineiam um caminho, mas o aprofundamento fica para depois, estou virando cova rasa, sulcado pelo acaso, sem defesa para as coisas banais, que agora me crescem como trepadeiras, esganando-me, escorsoando-me  a vista, lentamente penetrando em meu nariz.

           A  asfixia está nos seus planos.

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

O TCC que eu devia estar lendo.


Para este período, peguei um TCC de Biblio, uma Tese de psicologia e um livro introdutório sobre Arqueologia, três áreas de conhecimento um tanto distintas pelo qual tenho alguma consideração especial  (não dá pra chamar Biblio e Arqueologia de ciências! Por definição até são, mas em nosso universo utilitário e de praticidades isso não é uma verdade), venho me interessando cada vez mais por temas alheios  a minha graduação. Quando tudo  isso que me envolve terminar quero fazer de novo,  alimentar os pequenos brotos  universitários que me envolvem, talvez psicologia fosse uma boa. Minhas auto-psicoanalises deixariam de ser tão amadoras e quem sabe se tornassem tão perturbadoras como tento construí-lás, não pelo embrutecimento das palavras e mais pelo poder de critica.

Retomando, o TCC, por incrível que pareça foi orientado pelo professor Milanesi!

Numa dúvida a ser respondida, achei que isso nunca tinha ocorrido, que ninguém tinha ido para além da conjecturação de se fazer algo desse tipo. Como precisava ter certeza fui ao Lattes.  Mas nada encontrei para além dos Mestrados e Teses, ao que tudo indica aos profetas não cabe a figuração de se orientar tcc’s.

Fui a Biblioteca, usar aquela base local em WinIsis, a ecalive (não gosto desse nome!) e procurar, indícios, quem sabe um PDF, e lá encontrei ao menos dois TCC’S, um sobre informação pública e o outro sobre a criação do departamento de cultura e a secção de bibliotecas na era Mario de Andrade!

Como foi só isso que discuti (leia-se um ano de aulas desprezíveis. Fiz Politica Cultura –NÃO FAÇA- E  Biblioteca Informação e Sociedade –FAÇA COM RESALVAS-) com a turma e o bendito professor, pensei seriamente em algumas hipóteses que conectavam os temas dos tcc’s e o professor.

1º Hipótese  - Ele repete isso todo ano a zilhares de anos! De modo que em algum momento um corajoso aluno, munido de seu patrono anti dementador  foi até “o profeta” (como também é chamado) e pediu a orientação para um trabalho  que ele tenta enfiar nos alunos a todo custo!

2ª Hipótese – Tocado por corajosos alunos que souberam romper o cordão de insultos e maledicência que o cerca, o professor se tornou um aedo destes dois temas que o tocaram profundamente.

3º Hipótese – Nada disso!

4º Hipótese – todas as anteriores meio misturadas (inclusive “Nada disso”).

Ainda estou amalgamado na 4º, esse sofisma ninguém me tira.

Sabendo agora de suas existências profanas, fui até a prateleira de tcc’s (que só existe até 2001) e peguei o que me pareceu mais interessante:

O Bibliotecario Mario de Andrade: Analise das politicas culturais da Divisão de Bibliotecas do Departamento de Cultura e seu reflexo nas políticas governamentais para as bibliotecas públicas pós década de 30

De Henry Alexandre Durante Machado, entregue em dezembro de 2001.

Agora que cheguei na Página 48, posso fazer algumas considerações!

O trabalho não segue quase nada de nenhuma norma que eu conheça!  E provavelmente nenhuma que eu desconheça.  Exemplos:  As imagens/fotografia do Mario não possuem legendas e nem estão descritas em tabela nenhuma, o Sumário tá errado, o tcc veio direto da banca com a folha de correção dos jurados grampeada (tirou 9,5 com os três) o espaçamento, a titulação e a forma de citação também fogem as regras!

Éhhhhh, de fato, esse era melhor que outro, me lembra um pouco mais de mim, que venho me “normatizando nos últimos dois anos”.

 O tema é bem desenvolvido, não há divagações em reconstituições desnecessarias, a bibliografia é muito boa (e, portanto não bibliotecária!), etc, etc tô pagando um pau!  Depois de ver o menino elucubrando Alfredo Bosi para explicar as distinções entre cultura Erudita, de massa e popular (variações e sobreposições) minúcia por minúcia, com argúcia suficiente para tomar isto em seu beneficio discursivo, notei o toque milanesico. Talvez a maior preocupação do orientador tenha sido “fale do que sabe! E saida MESMO do que fala, faça o texto de maneira que ele se revele objetivo por objetivo sempre em direção a uma ideia geral”. Deu certo. Espero na Hora de fazer o meu conseguir agir nesse sentido.

Lecture Dans Un Grenier.

Antes que me chamem pervertido, saibam que este foi um exercício de interpretação sobre os gestos da Leitura ao longo do tempo (Através de imagens) Proposto pela Professora de História da Leitura (Que eu parcialmente assistí como Ouvinte) e eu fíz de uma imagem apenas, num total de três pra poder exercitar algo que devia ter aprendido em Documentação Audiovisual e que "oh meu Deus" Não aprendi.


Pierre Pelot - Lecture dans un grenier

Sobre a falsa transparência da Imagem. Descodificar não é ler. Reconhecer e perceber as tensões internas e externas das linguagens é um principio para a leitura, e o primórdio da interpretação. Partamos daqui, descodificar esta imagem produzida não é interpreta-la, nem lê-la, visto que a simultaneidade sígnica das imagens nos aflige por sua experiência de totalidade,por nossa resuma abstrativa em detrimento de contratos de realidade, e porque ainda cremos ingenuamente que a imagem é expressiva e fiel, mesmo quando é fabricada.

A imagem nos apresenta uma outra espécie de argumento,  um que nos parece menos  seguro, que não se constitui de  sucessivas  no tempo, que não tem seus sentidos multiplicados em série;  possui outras ressalvas temporais,  mobilizando outros  mundos  e outras formas de leitura. Usualmente a imagem é toda polissemia, falsa transparência, um engodo aos sentidos, aparenta simplicidade se camuflando em cavernosas e complexas confrarias de sentidos.

Analise da Imagem.

Alias, a imagem é essa aqui 


Retirada e melhor Vista aqui - Lectures Dans Un Greniere - Deem uma olhada na Pagina original da imagem, lá vc encontrará centenas de imagens de mulheres lendo.

                                                                .........................

A explicação do que se vê. – o parece-nos evidente? Sem as atribuições e imputações da interpretação, a analise de uma imagem pelo que se vê parece muito simples, seguindo o caminho da redução e topicação.

 Quem? – Uma moça ruiva
 Como – Pelada lendo
 O que? – Lendo um livro fumando e bebendo
 Onde? – Muito Provavelmente em um celeiro
 Quando? – Não é possível saber.

Aplicando um pouco de interpretação, inserindo percepções e analisando contextos, temos aqui uma jovem ruiva, nua em pelos que lê calmamente em companhia duma garrafa de bebida provavelmente alcoólica, sentada sobre uma espécie de estopa laranja, sem nenhuma uma pilha de roupas à mostra, além de seus grandes óculos (postos a cabeça, logo acima duma faixa ao estilo motoqueira) indicando uma mobilização prévia para a ação, bem como a presença de louça (não nos deparamos com uma invasão) provavelmente este é o celeiro da Moça ou de um parente, talvez um espaço usual, um espaço de hábito.

Aplicando um pouco de Imaginação interpretativa - Uma jovem de madeixas muito rubras em expendida nudez libertadora (sem intenções sexuais) significa um grupo de ações que reivindicam para a cena uma emancipação libertadora; a nudez, o vício, a leitura e o autocontrole são postos em cena, emoldurados por um cenário peculiar, segundo o nome da tela, “um celeiro”, que teima um segundo plano para si! Um celeiro que admite aprovação para apenas uma pequena parte da explosão ofuscante de luz do exterior, não há arvores, nuvens, cenários, apenas luz que se introjeta no ambiente clarificando a visibilidade da situação, não há luz de dentro, só a que vem de fora! Não há uma lâmpada candeeiro ou fonte paliativa de luminosidade (esse tempo é um recuo em direção a desmodernização do tempo). As sombras e o que parece ser a ponta duma escada muito esticada indiciam a altura do espaço. Os objetos em cena configuram-se como que pensados previamente para ali estar, não foram trazidos todos ao mesmo tempo (a escada), a leitora os tinha em mente, talvez estejamos diante de um habito! Um ato cerimonial de libertação? Se bem que os seus grandes óculos e faixa remontam para uma exterioridade não parece se encaixar com o rural a sua volta, teríamos aqui uma leitora voltando a suas origens? (Só adentraríamos mais a especulação) Uma moça que retorna ao ambiente rural em busca duma liberdade que só é possível remontando as suas raízes, que se manifesta na tensão em vicio e virtude? Entre perpetrar e fazer a revelia?