Ano passado durante à greve, alguns cartazes surgiram .....
Se espera todo tipo de coisa nos cartazes, xingamentos, palavras de ordem, sátiras, cartuns, desenhos horríveis, Qualquer coisa Naïf, sobreposições, mensagens claras, subjetivas.... há todo o poderoso recurso das formas de comunicação popular, surgem até mesmo as poesias.
Coletei alguns versos que apareceram em cartazes. Não me dei ao trabalho de descobrir sua autoria. Anotados numas folhinhas soltas encontrei-os quase um ano depois.
Resolvi espargir, estão ai tal como os li, naquela época despencavam de Krafts marrons vindos do segundo andar.
Mais que antes agora percebo a
reivindicação dos direitos do consumo.
Estive
nos últimos dias participando de uma série de palestras sobre Acessibilidade e
Cultura, com especial atenção ao uso de recursos e tecnologias assistivas que
promovessem a acessibilidade atitudinal e consequentemente a Inclusão da pessoa
com deficiência nos espaços de Cultura (Bibliotecas, Museus, teatros, operas,
salas de espetáculo, centros culturais...).
Não
houve tanta coerência quanto eu esperava, ou o aprofundamento que merecia e nem
mesmo gerou os laços e contatos que esse tipo de situação constrói, mas fazer o
que!? Aconteceu e deve ter sido útil para alguém.
Um
aspecto interessante que acabei recolhendo nas falas dos presentes foi o
discurso da reivindicação dos direitos pelo consumo. Ou seja, que a
requisição do deficiente nos espaços de cultura privados deve partir de usa
posição como consumidor, não como cidadão, estava aí segundo os participantes
uma arma poderosa!
Não
percebiam então que assumiam o deficiente como um grupo que tem seus direitos
manipulados por uma logica que diz: É um público especial, distinto e excluído,
com as adaptações corretas é um consumidor em potencial, um alguém que não
tendo como fazer em outro lugar recorrerá somente a este lugar, tornando-se um
consumidor fidelizado pela falta de opção.
Enquanto
ignoravam aquele que diz: Como ser humano e cidadão, não pode ser privado de
seus direito de acesso a educação, a cultura e a livre circulação e se isso
quer dizer adaptar e transformar o espaço é o que deve ser feito sob o peso de
lhe suprimir o exercício de cidadania e tolher o “humano” do sujeito.
Uma
colega que foi comigo, durante uma pausa que fizemos para o café me falou sobre
certa ideia apresentada num congresso da FEA chamado “Negócio Social”, onde uma
pequena adaptação nas falhas do serviço público poderiam gerar lucros quase sem
gastos, já que a plataforma de serviços funcionaria tapando o buraco deixado
pelo mau serviço prestado pelo estado. Desse modo funcionaria o Negócio Social,
que dentre outras coisas também “ajudava” as
pessoas.
Um
dos projetos apresentados era uma espécie de serviço de referencia Virtual
sobre questões do SUS, um software que analisava a estrutura e funcionamento do
SUS, bem como seu FAQ e sistemas relacionados e trazia num grande portal bem
estruturado as respostas para perguntas muito específicas do tipo – “sou idoso
e pensionista, recebo até tantos salários mínimos, onde posso adquirir tais e
tais medicamentos e tratamentos gratuitos?”.
De
maneira atroz e até jocosa para os presentes, tive de rir muitíssimo alto e
imperiosamente, Como assim!? O idoso com internet e que pode pagar pela
informação faz o tratamento gratuito, o que não tem internet e que
provavelmente não tem dinheiro para pagar pelo serviço também é o que se não
ficar sabendo disso terá de pagar pelo tratamento?!
Fica
a questão, para que equidade das informações cidadãs se podemos lucrar com
elas!?
Não
estou acostumado com essa lógica perversa no meu dia a dia, menos por sorte que
por escolha meus circuitos de comunicantes sempre que possível agem em prol da
defesa e melhora do público, tanto quanto eu.
Depois
daquele dia, lembrei-me de duas coisas e cheguei a uma reflexão.
1º - A Reflexão – Se o contraponto do Direito
é o Dever, e passamos a usar o direito de consumidores no lugar do direito de
cidadania quais são nossos deveres como consumidores dos serviços que nos
prestam? Esses deveres são opacos e esparsos, dando um exemplo
tacanho, algum facínora que pague um lanche numa rede fast-food e receba seu
pão com cascas, ou seu pacote médio de batatas com uma porção pequena não
pensará duas vezes antes de humilhar a atendente reivindicando seus direitos de
consumidor! Que porra de direitos são esses? E que merda de modos para
convívio. Parecemos aceitar que alguém que pague por algo tem todo direito de
fazer qualquer baixaria quando não for atendido. (Há ressalvas no que eu disse,
para as situações mais sutis, essa fica para as mais gerais e agressivas).
2º - Coisa lembrada - Uma frase que surgiu no grupo de discussão dos alunos recentemente, um
recorte da fala de uma professora que proferia: "que fixação vcs, alunos da usp, têm pelo público!, existe o mundo privado etc. e tal"“.
3º - Outra Coisa Lembrada - OExcelente vídeo com a Professora Mariela Chauí que andou
circulando pela internet, onde ela fala sobre a privatização do espaço público
e as implicações filosóficas sobre esse apossamento...
Não me agravo a essa exegese, nunca fiz parte do festim dos vícios e vaidades,
não que não os possua ou me faça por motivos subjetivos e escusos despartcipante,
só não me ambiento às festas.
Inúmeros colegas também não, mas não somos um grupo expressivo, e meus colegas
são eleitos sob o peso das minhas paixões, não são um grupo comum.
Se eu tivesse de fazer uma crítica ao ambiente não me sairia bem, minha
experiência é muito pobre nesse sentido, sobretudo, não me dou bem com a
vertigem, com a dança, com o vicio exposto, com o excesso, com o calor dos
corpos ou com o ruído ensurdecedor...
Quase uma tia velha já me disseram, houve quem se atreveu a me imaginar bêbado
e descontrolado, que será que eu diria? Que será que exporia? Que
subjetividades meu corpo estadearia? Que danças espontâneas me tomariam conta?
Não sei nunca me proporcionei nenhum tipo de transe ou experiência alterada por
intermédio de qualquer substancia psicoativa, também nunca ocorreu reagir
descontroladamente por conta de reação adversas a qualquer medicamento, no
muito após muitos dias mal dormidos e sob o stress de me manter acordado por
muito tempo acabo descapacitado para diálogos profícuos.
Saindo de mim e andejando por outros corpos:
Esses ritos tem muito hormônio, certo, parcialmente compreensivo, mas também
tem muita autodestruição, física e psíquica.
Uma colega percebe na autodestruição “adolescente/jovem” o elemento
propositor da reconstrução pelos cacos, erro e consequência gerando fragmentos
de experiência e reconstrução. Eu acho estupidez despropositada. Não que deva
haver propósito para tudo, mas fazer e deixar acontecer um tudo tão cheio de
vazio por tanto tempo?! Não vejo a necessidade de tanta destruição para a
construção, mas enfim.
Descompressão! Eles fazem porque merecem e precisam. Há quem defenda como
direito, e eu só penso, quais os deveres do “festivo”, se arruinar e se acabar
na noite? Dançar pelado depois das duas? Apaziguar o espirito e esquecer-se de
qualquer “mal” que lhe tome a consciência por determinados instante. É... Meus exemplos atuais de festa extrapolam
a noção de festa alheia e talvez hegemônica no imaginário popular. Trata-se de
festas Universitárias promovidas por agremiações e Centros Acadêmicos dentro do
Campus, com direito a “menores” caídos no chão vomitados, vomitando e
alucinando às vezes; pilhas de lixo em ascensão continua; banheiros químicos
tumefactos das podridões e indigestão alheia; gente conhecida e respeitável em
estado deplorável e catártico além é claro da explosão súbita dos presentes
ante a qualquer musica um tanto mais simplificada e ritmada.
Sabe que não nego, talvez! E só talvez (no âmbito das coisas futuras, mas ainda
sem potencia) um dia eu participe de uma, e mesmo sem beber (quanto a isto não
dou o pé a torcer) exprima a subjetividade latente nessas minhas nodoas velhas
e carcomidas pelos maus hábitos físicos, e exprima a devassidão permitida só
sob o refúgio dos que se unem por isso. E ai quem saiba com dois dedos a mais
de experiência eu seja menos tanta coisa...