3 livros sabios

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sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Poesias Espargidas da Ultima Greve



Ano passado durante à greve, alguns cartazes surgiram .....




Se espera todo tipo de coisa nos cartazes, xingamentos, palavras de ordem, sátiras, cartuns, desenhos horríveis, Qualquer coisa Naïf, sobreposições, mensagens claras, subjetivas.... há todo o poderoso recurso das formas de comunicação popular, surgem até mesmo as poesias.

Coletei alguns versos que apareceram em cartazes. Não me dei ao trabalho de descobrir sua autoria. Anotados numas folhinhas soltas encontrei-os quase um ano depois.

Resolvi espargir, estão ai tal como os li, naquela época despencavam de Krafts marrons vindos do segundo andar.


O Eu Oblíquo 

Ser não importa
Para esse baile
O que ele quer é a simulação de mim
Que não é mim
É qualquer outra coisa, camaleonesca,
Pseudonimíca
É o preço do baile
Mascarar-se
De caso reto
Mim é um estranho em mim
Um fugitivo do olho
Alheio.....
Mim?
Um clandestino.

................................

Tudo que é sempre passa

E fica a busca eterna de algo que preencha
Preencha as vidraças rompidas
Nossas reprimidas escolhas
De nossos sensíveis cadáveres
Só quero escorrer num papel
O peso que lento submete
Tempos gastos em sonho
É isso, escrever

É um ato de caridade
De algo vivo, que vive somente dessa vida lixo
Meu destino escrito na faixa
É inócua beleza nessa vida
De teus olhos que não me veem.

Para uma miserável matéria
Que ainda sonha e sente nervosa
Consequência dessa vida triste.

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Os direitos do Cidadão e os do Consumidor.·.



Mais que antes agora percebo a reivindicação dos direitos do consumo.

                Estive nos últimos dias participando de uma série de palestras sobre Acessibilidade e Cultura, com especial atenção ao uso de recursos e tecnologias assistivas que promovessem a acessibilidade atitudinal e consequentemente a Inclusão da pessoa com deficiência nos espaços de Cultura (Bibliotecas, Museus, teatros, operas, salas de espetáculo, centros culturais...).

                Não houve tanta coerência quanto eu esperava, ou o aprofundamento que merecia e nem mesmo gerou os laços e contatos que esse tipo de situação constrói, mas fazer o que!? Aconteceu e deve ter sido útil para alguém.

                Um aspecto interessante que acabei recolhendo nas falas dos presentes foi o discurso da reivindicação dos direitos pelo consumo.  Ou seja, que a requisição do deficiente nos espaços de cultura privados deve partir de usa posição como consumidor, não como cidadão, estava aí segundo os participantes uma arma poderosa!

                Não percebiam então que assumiam o deficiente como um grupo que tem seus direitos manipulados por uma logica que diz: É um público especial, distinto e excluído, com as adaptações corretas é um consumidor em potencial, um alguém que não tendo como fazer em outro lugar recorrerá somente a este lugar, tornando-se um consumidor fidelizado pela falta de opção.
                Enquanto ignoravam aquele que diz: Como ser humano e cidadão, não pode ser privado de seus direito de acesso a educação, a cultura e a livre circulação e se isso quer dizer adaptar e transformar o espaço é o que deve ser feito sob o peso de lhe suprimir o exercício de cidadania e tolher o “humano” do sujeito.

                Uma colega que foi comigo, durante uma pausa que fizemos para o café me falou sobre certa ideia apresentada num congresso da FEA chamado “Negócio Social”, onde uma pequena adaptação nas falhas do serviço público poderiam gerar lucros quase sem gastos, já que a plataforma de serviços funcionaria tapando o buraco deixado pelo mau serviço prestado pelo estado. Desse modo funcionaria o Negócio Social, que dentre outras coisas também “ajudava” as pessoas.               

                Um dos projetos apresentados era uma espécie de serviço de referencia Virtual sobre questões do SUS, um software que analisava a estrutura e funcionamento do SUS, bem como seu FAQ e sistemas relacionados e trazia num grande portal bem estruturado as respostas para perguntas muito específicas do tipo – “sou idoso e pensionista, recebo até tantos salários mínimos, onde posso adquirir tais e tais medicamentos e tratamentos gratuitos?”.

                De maneira atroz e até jocosa para os presentes, tive de rir muitíssimo alto e imperiosamente, Como assim!? O idoso com internet e que pode pagar pela informação faz o tratamento gratuito, o que não tem internet e que provavelmente não tem dinheiro para pagar pelo serviço também é o que se não ficar sabendo disso terá de pagar pelo tratamento?!

                Fica a questão, para que equidade das informações cidadãs se podemos lucrar com elas!? 

                Não estou acostumado com essa lógica perversa no meu dia a dia, menos por sorte que por escolha meus circuitos de comunicantes sempre que possível agem em prol da defesa e melhora do público,  tanto quanto eu.

                 Depois daquele dia, lembrei-me de duas coisas e cheguei a uma reflexão.

    1º  - A Reflexão – Se o contraponto do Direito é o Dever, e passamos a usar o direito de consumidores no lugar do direito de cidadania quais são nossos deveres como consumidores dos serviços que nos prestam?  Esses deveres são opacos e esparsos, dando um exemplo tacanho, algum facínora que pague um lanche numa rede fast-food e receba seu pão com cascas, ou seu pacote médio de batatas com uma porção pequena não pensará duas vezes antes de humilhar a atendente reivindicando seus direitos de consumidor! Que porra de direitos são esses? E que merda de modos para convívio. Parecemos aceitar que alguém que pague por algo tem todo direito de fazer qualquer baixaria quando não for atendido. (Há ressalvas no que eu disse, para as situações mais sutis, essa fica para as mais gerais e agressivas).

 2º - Coisa lembrada -  Uma frase que surgiu no grupo de discussão dos alunos recentemente, um recorte da fala de uma professora que proferia:   "que fixação vcs, alunos da usp, têm pelo público!, existe o mundo privado etc. e tal"“.
           
 3º - Outra Coisa Lembrada - O Excelente vídeo com a Professora Mariela Chauí que andou circulando pela internet, onde ela fala sobre a privatização do espaço público e as implicações filosóficas sobre esse apossamento...


sábado, 1 de dezembro de 2012

A não exegese das Festas.


Esse Post vai para Giovanna! 




    Não me agravo a essa exegese, nunca fiz parte do festim dos vícios e vaidades, não que não os possua ou me faça por motivos subjetivos e escusos despartcipante, só não me ambiento às festas.

    Inúmeros colegas também não, mas não somos um grupo expressivo, e meus colegas são eleitos sob o peso das minhas paixões, não são um grupo comum.

    Se eu tivesse de fazer uma crítica ao ambiente não me sairia bem, minha experiência é muito pobre nesse sentido, sobretudo, não me dou bem com a vertigem, com a dança, com o vicio exposto, com o excesso, com o calor dos corpos ou com o ruído ensurdecedor...

    Quase uma tia velha já me disseram, houve quem se atreveu a me imaginar bêbado e descontrolado, que será que eu diria? Que será que exporia? Que subjetividades meu corpo estadearia? Que danças espontâneas me tomariam conta?

    Não sei nunca me proporcionei nenhum tipo de transe ou experiência alterada por intermédio de qualquer substancia psicoativa, também nunca ocorreu reagir descontroladamente por conta de reação adversas a qualquer medicamento, no muito após muitos dias mal dormidos e sob o stress de me manter acordado por muito tempo acabo descapacitado para diálogos profícuos.

    Saindo de mim e andejando por outros corpos:

   Esses ritos tem muito hormônio, certo, parcialmente compreensivo, mas também tem muita autodestruição, física e psíquica.  Uma colega percebe na autodestruição “adolescente/jovem” o elemento propositor da reconstrução pelos cacos, erro e consequência gerando fragmentos de experiência e reconstrução. Eu acho estupidez despropositada. Não que deva haver propósito para tudo, mas fazer e deixar acontecer um tudo tão cheio de vazio por tanto tempo?! Não vejo a necessidade de tanta destruição para a construção, mas enfim.

    Descompressão! Eles fazem porque merecem e precisam. Há quem defenda como direito, e eu só penso, quais os deveres do “festivo”, se arruinar e se acabar na noite? Dançar pelado depois das duas? Apaziguar o espirito e esquecer-se de qualquer “mal” que lhe tome a consciência por determinados instante.  É... Meus exemplos atuais de festa extrapolam a noção de festa alheia e talvez hegemônica no imaginário popular. Trata-se de festas Universitárias promovidas por agremiações e Centros Acadêmicos dentro do Campus, com direito a “menores” caídos no chão vomitados, vomitando e alucinando às vezes; pilhas de lixo em ascensão continua; banheiros químicos tumefactos das podridões e indigestão alheia; gente conhecida e respeitável em estado deplorável e catártico além é claro da explosão súbita dos presentes ante a qualquer musica um tanto mais simplificada e ritmada.

    Sabe que não nego, talvez! E só talvez (no âmbito das coisas futuras, mas ainda sem potencia) um dia eu participe de uma, e mesmo sem beber (quanto a isto não dou o pé a torcer) exprima a subjetividade latente nessas minhas nodoas velhas e carcomidas pelos maus hábitos físicos, e exprima a devassidão permitida só sob o refúgio dos que se unem por isso. E ai quem saiba com dois dedos a mais de experiência eu seja menos tanta coisa...