3 livros sabios

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sexta-feira, 26 de novembro de 2010

A Liquidez do Objeto concreto, o MAM expõe o pós-moderno.

Visitar um museu é antes de tudo, explorar a capacidade de dialogo da arte! Ampliam-se nossas medidas de percepção, a fruição não é espontânea, pressupõe um esforço ante a cultura, entendimento de relações complexas, do jogo artístico! Não existem regras de apreciação. Quando guiados em um museu, hierarquizações e organogramas edificam fortes ideologias de sua época, entende-se as estruturas ideológicas que à sustentam. No museu moderno, a arte não compete com o espaço, saem às molduras, as figurações, arranjos, mesmo a cor das paredes! A arte esta em função de si, falando, calando, está. A museografia branca e lisa reflete a opacidade dos encaixes construtivos do espaço moderno! Tentacular, conceitual; Engrenado a situação, o sujeito tece elogios à magnificência do branco, este etéreo atemporal! A obra é isolada de tudo o que possa prejudicar sua apreciação. Tange notar que, com a instrumentalização do espaço de arte a metalinguagem do objeto de arte foi aos poucos sendo esquecida, a arte passou a ser produzida para o cubo branco. Quando em nossa visita ao MAM-SP, fomos recebidos pelo serviço educativo, que prontamente subjugou nossas dúvidas, um adendo especial foi deflagrado pelo professor, -a museografia-, o espaço construído para a exposição da obra! Como não nota-la, a museografia esta para a exposição como o pedestal esta para o busto helênico, elevando-a a face do homem, sustentando, e, no entanto pouco sendo observada! Períodos, estilos, disposição? Os elementos para exposição da arte podem ser distintos, mas, sobretudo no museu moderno deve-se racionalizar! Institucionalizando os espaços na medida em que o espectador, ao deparar-se com o ambiente sacralizado da estética o transpasse (mesmo que não perceba) racionalmente, sentindo alguma lógica, sensibilizando-se com a construção do espaço; Passou o tempo em que a obra competia com sua moldura, e que a logística dos encaixes era usada para preencher os espaços, o modernismo trouxe para o museu à ergonomia do espaço! A iluminação dita adequada, a falta de cores dita ideológica, novos modelos de administração ditos modernos! Só o que não se trouxe foi o mal estar causado pelo não cumprimento das utopias modernas, tão criticada por Chaplin, a “vida-maquina”, a “produção-maquina”, a “arte–maquina”! A engrenagem do modernismo continuou rodando, o museu não fugiu nem se fez de rogado, pelo contrário, assimilou novos conceitos introjetados da sociedade! Construído foi o MOMA. Desta forma abriu-se precedente para a deglutição do moderno feita pelo museu em outros países. Contudo, o conceito de Moderno no tempo faliu, da utopia do moderno, os corpos sociais recém formados criaram o seu novo dia a dia, mas seus ideários foram se perdendo. O mesmo pode-se dizer do museu, criados foram seus espaços e rotinas, mas suas idéias originais foram se perdendo aqui e acolá. Nesse mesmo momento, das entranhas do progresso, gerada foi a pós-modernidade; (enquanto no modernismo o auto investimento humano voltou-se para a segurança, a racionalidade e a organização, no pós-moderno investiu-se em liberdade, uma liberdade de estilos, formas, técnicas, de abolição das técnicas...) que alterou o curso dos museus o suficiente para que se caracterizassem de nova forma , mas não para que se apresentassem de forma diferente! Ficamos com espaços modernos que expõem idéias pós-modernas. Vimos os conceitos se tornarem mais poderosos que as ideias e por sua vez estas se tornarem mais poderosas que os objetos, também vimos a banalização da autocrítica que se tornou auto-pieguice assistimos ainda, Boquiabertos que mesmo após tantos anos de exploração da arte-conceitual, como ela ainda nos parece rasa, não seria talvez a falta de um espaço adequado para a quebra das demarcações e fronteiras impostas pelo museu moderno e seus idealismos? Urge pensar, que reconhecer a perda dos limites habituais talvez seja um próximo passo para o museu. Como seria o museu dessa Pós-modernidade (líquida), onde o relativo se torna insuportável? Nossos espaços criados para o entendimento racional se mostraram reflexos da época em que foram construídos. Foram-se os tempos, é hora de mudar também. Exemplo de arte pós-moderna É, não estou preparado ! e nem os museus!

2 comentários:

  1. Gostei do seu canto, Felipe.

    Posso ficar?

    Abraço

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    Respostas
    1. Nesse canto, cantamos todos. Encante-se conosco.

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