3 livros sabios

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segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Contradizendo-se em partes



Hoje encontrei duas situações inusitadas: dois colegas em situações distintas, ao defenderem-se de meu redarguimento, se contradizem.  Esta situação tem se reiterado. Não vou explicar nenhuma das duas situações, e antes de continuar, queria divagar sobre uma possível síntese posterior que tenta encontrar aspectos comuns entre uma situação e outra.

Considere antes da leitura as implicações da narração e da reconstrução de real mediado por mim: se me acreditarem, terão aceito como válidos meus argumentos e minha forma de exposição dos fatos.

Também não há aqui ilustrações, linguagem que auxilie a compreensão coerente enquanto se explicita a relação nuclear das pequenas partes.

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Volto à contradição, explorando as situações pelo que de comum possuíram e descrevendo uma pequena história da contradição: há no debate uma lógica paraconssistente, e na comunicação muito mais que argumentos. Minhas conversas não são “diálogos platônicos”. Dialética? Contra argumentação?  Infelizmente é recorrente o senso de embate, sem resolução possível, onde um “ganha”, comprovando em muitas vezes a inferioridade não do argumento, mas do próprio outro (argumento contra o homem?).

Ler a “Retórica” de Aristóteles ou os “38 estratagemas para vencer um debate sem ter razão”, de Schopenhauer, certamente me ajudariam a compreender e quem sabe até me apropriar das táticas discursivas do debate, a compreender o próprio discurso; mas não levaria essas leituras adiante, pois sou um vadio.

Há, no entanto, uma coisa que se me consta correta é o fato de que não me passam ilesos aqueles que se contradizem enquanto conversam comigo. Creio haver muitas formas de se contradizer: completamente; em partes; enquanto enganação, por engodo; por cinismo; como deslocamento de um beco sem saída e o mais comum: pela ausência de coerência naquilo que se passa a defender enquanto se fala, mais por senso de dignidade que por crença.

Se começa dizendo algo, algo que cresce sem uma ordem comum, um padrão, e sem a beleza do caos. Em algum momento, o contradito é traído pela não recorrência do principio exposto. O não contradito pode dizer, então: “mas isso não possui uma lógica de funcionamento, e devia!”. Há claramente um buraco na produção de sentidos.

O contradito recorre então à rememoração, performaticamente repete em voz alta o que disse e se não finge desperceber seu erro, tenta expor no pólo adverso a incomunicabilidade da questão, o quanto está sendo incompreendido. Por vezes a questão acaba aí (comigo é assim também; daí penso em escrever postagens bobas como essa), mas não hoje, por duas vezes.

(Por outras vezes a situação evolui) O não contradito, além de rememorar a questão, explicita ao contradito como sua lógica foi descentrada ao longo do discurso, de modo que obtivesse razão em algum momento, como aquele se utilizou de princípios distintos para o mesmo fato; ou pior, de como aquele defende o resultado de dado princípio usando um exemplo que nega tal efeito dentro de um dado meio de obtenção.

O outro, então, se não se vê acuado e irrompe bruscamente em busca do fim do diálogo, responde algo como: “é uma explicação anti-behaviorista”, ou então: “mas você não foi à Torre Eiffel jogar aviões de papel pra saber se é fácil”.

O não contradito responde então algo como: “ainda sim é uma explicação, não posterior, de objetivo premeditado e que não se pretende funcionalista”, ou então: “se – fácil - varia ao longo da questão e não há objetivo, além disso, se a gravidade está a seu favor quando se fala de habilidade, então não há o que responder”.

Quem sabe haja uma lógica, muito deturpada nisso tudo; ou desrazão, vai saber.


Um comentário:

  1. Ainda bem que agora você leu o livro do Schopenhauer... nem precisou comprar, né?

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