Hoje
encontrei duas situações inusitadas: dois colegas em situações distintas, ao
defenderem-se de meu redarguimento, se contradizem. Esta situação tem se reiterado. Não vou
explicar nenhuma das duas situações, e antes de continuar, queria divagar sobre
uma possível síntese posterior que tenta encontrar aspectos comuns entre uma
situação e outra.
Considere antes da leitura as
implicações da narração e da reconstrução de real mediado por mim: se me
acreditarem, terão aceito como válidos meus argumentos e minha forma de
exposição dos fatos.
Também não há aqui ilustrações, linguagem que auxilie a compreensão coerente enquanto se explicita a relação nuclear das pequenas partes.
Também não há aqui ilustrações, linguagem que auxilie a compreensão coerente enquanto se explicita a relação nuclear das pequenas partes.
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Volto à contradição, explorando as situações pelo que de comum possuíram e descrevendo uma pequena história da contradição: há no debate uma lógica paraconssistente, e na comunicação muito mais que argumentos. Minhas conversas não são “diálogos platônicos”. Dialética? Contra argumentação? Infelizmente é recorrente o senso de embate, sem resolução possível, onde um “ganha”, comprovando em muitas vezes a inferioridade não do argumento, mas do próprio outro (argumento contra o homem?).
Ler a “Retórica” de Aristóteles
ou os “38 estratagemas para vencer um debate sem ter razão”, de Schopenhauer,
certamente me ajudariam a compreender e quem sabe até me apropriar das táticas
discursivas do debate, a compreender o próprio discurso; mas não levaria essas
leituras adiante, pois sou um vadio.
Há, no entanto, uma coisa que se
me consta correta é o fato de que não me passam ilesos aqueles que se
contradizem enquanto conversam comigo. Creio haver muitas formas de se
contradizer: completamente; em partes; enquanto enganação, por engodo; por
cinismo; como deslocamento de um beco sem saída e o mais comum: pela ausência
de coerência naquilo que se passa a defender enquanto se fala, mais por senso
de dignidade que por crença.
Se começa dizendo algo, algo que
cresce sem uma ordem comum, um padrão, e sem a beleza do caos. Em algum momento,
o contradito é traído pela não recorrência do principio exposto. O não
contradito pode dizer, então: “mas isso não possui uma lógica de funcionamento,
e devia!”. Há claramente um buraco na produção de sentidos.
O contradito recorre então à
rememoração, performaticamente repete em voz alta o que disse e se não finge
desperceber seu erro, tenta expor no pólo adverso a incomunicabilidade da
questão, o quanto está sendo incompreendido. Por vezes a questão acaba aí
(comigo é assim também; daí penso em escrever postagens bobas como essa), mas
não hoje, por duas vezes.
(Por outras vezes a situação
evolui) O não contradito, além de rememorar a questão, explicita ao contradito
como sua lógica foi descentrada ao longo do discurso, de modo que obtivesse
razão em algum momento, como aquele se utilizou de princípios distintos para o
mesmo fato; ou pior, de como aquele defende o resultado de dado princípio
usando um exemplo que nega tal efeito dentro de um dado meio de obtenção.
O outro, então, se não se vê
acuado e irrompe bruscamente em busca do fim do diálogo, responde algo como: “é
uma explicação anti-behaviorista”, ou então: “mas você não foi à Torre Eiffel
jogar aviões de papel pra saber se é fácil”.
O não contradito responde então
algo como: “ainda sim é uma explicação, não posterior, de objetivo premeditado e
que não se pretende funcionalista”, ou então: “se – fácil - varia ao longo da
questão e não há objetivo, além disso, se a gravidade está a seu favor quando
se fala de habilidade, então não há o que responder”.
Quem sabe haja uma lógica, muito
deturpada nisso tudo; ou desrazão, vai saber.
Ainda bem que agora você leu o livro do Schopenhauer... nem precisou comprar, né?
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