3 livros sabios

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quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Arca Russa - Russian Ark

Desculpem-me os aforismos e devaneios, o ensaio a seguir foi produzido para a aula de Introdução a Museologia, e pede previo conhecimento e assitencia da pelicula Arca Russa!

Como era de se esperar, o professor nos mostrou um filme que eu já conhecia! Um dito Cujo, que ficou famosso mundo afora, por ter sido produzido em um uníco plano sequencia! (Não sacou? isso que dizer que o filme foi todo gravado em uma unica cena! sem cortes! assim como o brasileiro "Ainda orangotangos")

A fotografia é intensa! muito bela! reconstruida sem sutilezas digitamelnte! esqueça o roteiro! jogue fora suas ideias de linearidade! Conheçe o filme de ARTE? pois bem, este é um! mas nesse Post não cabem minhas considerações atuais, só o que já foi feito!

PS: Sokuróv é o diretor! Hermitage é o museu onde foi gravado o filme!

A memória, reconstrução mental das volições da vida, recuperação da realidade e do idílio, retenção das coisas inventas e das coisas vividas; É de memória e de “tempo(s)” que nos fala sokúrov com sua Arca Russa, titulação deveras interessante, uma metáfora para o majestoso palco que nos é legado assistir, - o Her itage -. Este grande museu que de outrora plasmous-se a história da Rússia, guardião do acúmulo fragmentado das memóriasde um dialogo secular entre as partes envolvidas, (um eterno olhar e ser visto) diálogos de um tempo legitimo e um tempo surreal, outro particular, ainda, o humano, o dos registros e das respostas.

Segundo Sokúrov, a não linearidade histórica e a sugestiva contração do perpassar dos séculos, pode ser um passeio fluido, livre, de reflexão histórica e filosófica! Ao mesmo tempo em que é um desnudamento sem prelúdios pelos longos corredores, salas e cômodos da arca (espaços onde o passado e o presente são “existência”). Não se força o espectador a seguir a história cronológica, seria tolhê-lo, distanciá-lo dos motivos de ser do filme de arte, -teríamos um documentário-, a linguagem audiovisual nesse caso não escolta o roteiro, não é mero suporte de apresentação, a linguagem é própria e traz significados inteligíveis essencialmente necessários à boa compreensão. A maestria artística da expressão contínua endossa a realidade da cena! A abertura da Arca se dá pela insistente permanência do expectador em assisti-la.

Quais os interstícios da abertura da Arca? A opulência de uma época, a pobreza de um povo, a fome de uma nação? O que é translúcido e o que é opaco quando o olhar dirime a mente apenas aquilo que se quer ver? A grande Matrioska da memória da uma nação quando raciocinada, deve se avaliada ao avesso, reposicionada lado a lado, encaixada de maneiras diversas, avaliada por dentro, vistoriada. Rompe-se a sincronia imposta a historia do homem, avaliam-se os tempos de glória e os de decadência. Perceber é avaliar o todo.

Reconstruir o tempo de maneira assíncrona para melhor relativizá-lo, é esse o exercício proposto pelo diretor, nisto, encontramo-nos com os afetos da memória virtual de um grande símbolo, este, que por sua vez nos assiste, expelindo de si o substrato que nos causa o delay artistico de outra época, outra que é revista agora brincando pelos corredores, comendo anestesicamente frente aos problemas, correndo em direção ao banheiro... Um tempo de passado e de memórias intensas, que permanece presentificado artisticamente.

Nas Beiradas deste confronto, esta o espectador, à espera do próximo movimento (correr, parar, distanciar-se!) ouvinte supremo da contação de uma história, onírica, onde o tempo cronológico não faz sentido. Quando postas a recepção dos olhos, as imagens são projetadas como se por eles mesmos tivessem sido compostas, temos um plano seqüência exemplar! Em Arca Russa, a intensidade da imagem também é o vislumbre do movimento curioso, arcos, perseguições, olhares fixos e de esguelha! A vívidez do eu –pessoa- posta em seqüência.

Em outro momento, um vulto do renascimento se apresenta, presta-se em me apresentar o museu, e quer em contrapartida que eu o apresente de minha parte! Suas considerações ácidas não deixam duvidas sobre seu caráter e conhecimento, sua atitude de velha matrona para com os de pouca experiência artística mostra-se quando literalmente põe contra a parede um jovem que esta há observar as telas, mas, o mais importante em sua figura é a manifestação da reversibilidade que é a vivencia, ele que é figura do renascimento, pode viver, habitar o futuro, e eu que sou figura contemporânea, posso viver o passado, sendo a arte nossa ligação, podemos viver longas epopéias na breve finitude de um momento artístico. Para o sensitivo, caminhar pelo Hermitage também é se defrontar com as eras e a pequenez do homem.

Em espaços como o Museu, é difícil absorver o tempo, pois a relação dos espectadores com o espaço é a motriz em que se busca a experiência própria, experimentar (mesmo que homeopaticamente) o espírito da época pode ser difícil para quem esta engrenado com a sociedade e sua própria época, para eles a arca prela, chamando atenção para o que faremos de nós mesmos e de nossa história, “Estamos destinados a navegar para sempre”.

Um comentário:

  1. Olá Felipe, que bacana seu blog e seus comentários... Apesar de ser um filme do início dos anos 2000 ainda não tive a oportunidade de vê-lo, urgente.... Rsss. Como vc mesmo disse foi filmado em um único plano-seqüência, sem cortes, e atravessa todas salas do museu, transformando a tela de cinema em um quadro vivo.... Deve ser incrível... Assim que assistir comento com vc, ainda mais agora que somos colegas de blog... Grande Abraço, Mauro.

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